terça-feira, 10 de junho de 2014
Nem mais uma vírgula
Nem mais uma vírgula
Meu coração é meu presídio, minha cela;
havia de frente pro mundo uma janela;
ficava escondida, bem no canto,
foi cimentada e pintada com aquarela...
Com misto de cimento,
pigmentos,
areia
e meus prantos.
Não existem mais paisagens, só grades.
Ainda que eu grite pedindo ajuda,
não seria honesto.
Um simples gesto de euforia,
não valeria o mesmo.
E se eu escrever um belo poema,
que fale de rosas e saudades?
- Seria mais uma lágrima,
nos olhos dos enamorados;
Um unicórnio
ou um ser alado,
nos tantos sonhos.
E se eu me entregar por inteiro,
ficar nu
e rasgar dinheiro,
me largar na rua?
Nem seria notado.
Pois sou desarmado de inspiração,
sou um mal amado sem coração.
Tenho a candura que não vale a guerra,
tenho a emoção que já caiu por terra.
Mas sem compromisso, no fogo coloco a mão.
Tenho tudo escrito acima,
nem mais uma vírgula,
um ponto final então.
André Anlub®
Das Borboletas
Ao findar a chuva aparecem os primeiros olhos
Curiosos olhos felizes e esfomeados
Donos dos seus devidos solos.
Com o retornar do astro rei
Insetos retomam voo, formigas voltam ao trabalho.
E as borboletas...
Borboletas sem rumos fazem sombras e voam através dos tempos
Com objetivos incógnitos, vão em coloridos enlouquecidos.
Se vão, como os ventos jamais esquecidos...
São arco-íris vivos, sem agonias ou contratempos.
Borboletas são tão frágeis e enamoradas
Imponência e imanência do majestoso
Com seu voar ébrio desconcertante
Deuses levantam de seus tronos e aplaudem.
Borboletas vão de encontro à perfeição
Trovões se calam e vulcões resfriam-se
No infinito do espaço se faz um silencioso eco
Tão perto da magnitude sem emitir um só som.
Nos anéis de saturno o soturno definha
Amplo brilho se faz ofuscando a vida
Nas suas asas a essência, aquarelas no tom
Tudo isso só visto aos olhos do bom.
André Anlub®
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